quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Hofstetter

Hofstetter
 “Hofstetter,  o nosso carro de sonho.” Em uma época marcada pelas restrições aos veículos importados, muitos modelos brasileiros surgiram sob o nome de foras-de-série. Marcas como Puma e Miura ficaram bastante conhecidas com seus esportivos de produção reduzida.

Com desenho definido desde 1973 e apresentado no Salão do Automóvel somente em 1984, o Hofstetter causou furor com seu desenho futurista. Visivelmente baseado no protótipo Bertone Carabo, o esportivo brasileiro era muito ousado, especialmente se levarmos em consideração as limitações da indústria nacional na época.

O projeto começou a tomar forma com o dinheiro obtido pela venda de um kart. Foram compradas tábuas para fazer o molde do primeiro protótipo, fato que explica suas linhas retas. Mario Richard Hofstetter, com apenas 27 anos na época, se utilizou da experiência da empresa do pai com fibra de vidro para projetar a carroceria. Usando um chassi tubular exclusivo e motorização Volkswagen AP 2.0 turbo (inicialmente era 1.8) chegou a ótimos 175 cv. Melhor ainda era a performance: mais de 230 km/h de velocidade máxima.

A mecânica do Hofstetter era um quebra-cabeças com peças vindas de Gol GT, Passat, Chevette, Fiat 147, Corcel, Monza, Brasília, Opala, Caminhão Ford F-4000 e até um ônibus Mercedes, que fornecia a palheta para o limpador de para-brisas único. O carro sempre vinha com um memorial completo, para facilitar o proprietária na busca por peças de reposição quando necessário.


Apesar de ter apenas 1,08m de altura, as amplas portas asas-de-gaivota facilitavam a entrada de motorista e passageiro. Por dentro o carro era confortável: tinha bancos de couro anatômicos, ar-condicionado e painel revestido de camurça. Além de estiloso, usando faróis escamoteáveis (moda nos anos 1980), o carro era muito seguro, pois utilizava uma estrutura semelhante aos carros da Stock Car da época. O pneus Corsa 225/55 tambémvinham dos Opalas de corrida.

O Hofstetter fez história às vésperas da abertura da indústria automobilística às importações. Em um mercado atrasado e carente de inovações, o esportivo trouxe ousadia, estilo, desempenho e exclusividade. O plano era vender 30 carros por ano, mas o total fabricado foi de apenas 18 unidades, incluindo o primeiro protótipo. Talvez isso se deva ao alto preço, 3 vezes mais caro que um esportivo nacional da época como o Gol GT. Quem conseguir ver um Hofstetter nos dias de hoje pode se considerar um sortudo, pois está diante de um dos carros mais raros do Brasil e do mundo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário