sábado, 13 de fevereiro de 2016

Góticas: 10 grandes bandas do gênero na Inglaterra dos anos 80

Nos fim dos anos 70, o punk na Inglaterra começou a dar sinais de cansaço e ter várias ramificações. Basicamente, tudo que passou a vir depois, convencionou-se como New Wave. Mas, o termo era muito genérico para englobar toda a sonoridade que estava sendo feita na velha ilha.
A New Wave acabou se disseminando em basicamente três estilos distintos: New Romantics, Gothic Rock e Pós-Punk.
Os anos 80 ficou conhecido como a década perdida na América Latina, isso em termos econômicos, dado ao grande crescimento que houve nos anos 70 e, praticamente, total estagnação na década seguinte. Para o restante do planeta, os anos 80 representava o fim da "Idade Industrial" e início da "Idade da Informação". Analisando hoje, fica óbvio o porque da sonoridade típica daquela época. Com acesso mais fácil a informática, os jovens conseguiam comprar teclados, sintetizadores, baterias eletrônicas, etc. Tudo isso, somado ao "faça você mesmo", herdado dos punks, resultou numa explosão de bandas: Duran Duran, Spandau Ballet, Joy Division, Pretenders, Talking Heads, Japan, B-52'S e muitas, muitas mais.
O tal "Rock Gótico", também usava e abusava de instrumentos eletrônicos, mas ao contrário dos New Romantics, que imprimiam sempre um colorido em sua sonoridade, as bandas góticas tinham como características o som de baixo e bateria sempre a frente, com auxílio dos teclados para criar uma atmosfera lúgubre e sufocante. Um bom exemplo dessa sonoridade é a canção "Love Will Tear Us Apart" da banda Joy Division, liderada pelo falecido vocalista Ian Curtis.
Bernard Summers (Joy Division/New Order), certa vez deu uma declaração sobre o filme Nosferatu, que pode muito bem ser aplicada ao som gótico: " A atmosfera é realmente maléfica, mas você se sente à vontade dentro dela."
O Gothic Rock, assim como o New Romantic, tinha grande influência do Punk Rock. Mas, sem a menor sombra de dúvida, pode-se dizer que o mestre de todos, o ponto em comum entre esses artistas, o elo de ligação, chama-se DAVID BOWIE.
Bowie, apesar de no início dos anos 80, estar fazendo um som com uma orientação mais dançante, cortesia de sua parceria com Nile Rodgers, ex-guitarrista do grupo Chic, um dos gigantes da Onda Disco. Bowie havia acabado de gravar o filme Fome de Viver, no qual ele interpretará um vampiro. Em uma de suas cenas mais marcantes, Bowie sai a caça de sua presa acompanhado de sua companheira e tendo como fundo musical Bela Lugosi is Dead, do grupo Bauhaus. Bela Lugosi foi um ator dos anos 50, famoso por suas interpretações de Drácula. Nada sugestivo.
É óbvio que o assunto é extenso e existem muito mais conexões na música gótica. Eu foquei somente nas bandas inglesas e que chegaram ao mainstream. Existem diversas outras que não alcançaram o estrelato, as bandas de outras regiões da Europa e EUA, a evolução do gênero, etc. Mas aí já é assunto para outra matéria!

Não deixem de assistir o filme "Ed Wood" de 1994, estrelado por Johnny Depp e dirigido por Tim Burton. O filme conta a história do cineasta Ed Wood e seu encontro com o ator Bela Lugosi, já decadente e em fim de carreira. Não perca!


10.THE BOLSHOI - Happy Boy



The Bolshoi ficou conhecida mundialmente pelo seus dois hits Sunday Morning e Away, que pode ser classificados como uma 
mistura de technopop com gótico. Mas em seu primeiro disco Giants de 85, o que vemos é uma banda com uma sonoridade bem parecida com o The Cure, da fase Pornography





09. DEPECHE MODE - Enjoy the Silence


A música presente no sétimo disco de estúdio da banda Violator. O Depeche Mode foi formado em 1980, e no início de carreira apresentava um som mais dançante. Nesta época ainda contavam com Vince Clarke, que sairia após o primeiro disco e formaria o duo Erasure.





08.THE MISSION - Wasteland


A banda foi formada pelo racha do Sisters of Mercy logo após o lançamento do primeiro disco da banda. O baixista Craig Adams e o guitarrista Wayne Hussey formaram o The Mission. Hussey assumiu os vocais e boa parte do primeiro disco da banda é composto por canções que foram rejeitadas por Andrew Eldritch para o Sisters of Mercy




07.FIELDS OF THE NEPHILIM - Moonchild


O Fields obtve um certo sucesso na Inglaterra no início dos anos 80. Sua sonoridade é muito parecida com a do Sisters of Mercy, principalmente pelo timbre do vocalista Carl McCoy.


06.THE CULT - Bone Bag

Quando falamos em The Cult, o que vem a mente é banda tocando Hard Rock americano. Mas eles tiveram seu início de carreira associado ao movimento gótico. Sua sonoridade sempre teve um toque muito forte de psicodélia.





05.THE CURE - One Hundred Years


Robert Smith sempre rejeitou o termo gótico, talvez pelo The Cure ter uma versatilidade bem grande e sempre conseguir abranger vários estilos em sua extensa discografia. Mas ele não pode negar que o Cure tem uma trilogia calcada nesta sonoridade lúgubre e depressiva, é ela: Pornography (1982), Disintegration (1989) e Bloodflowers (2000).





04.JOY DIVISION - Love Will Tear Us Apart

Banda liderada pelo vocalista Ian Curtis, que talvez tenha sido a pessoa que mais personificava toda essa história de depressão que se associa ao gótico. Curtis era realmente problemático e a coisa toda piorou quando ele descobriu ser epilético. Ian se enforcou em maio de 1980. Os membros remanescentes do Joy Dision formaram o New Order, que em seu primeiro disco ainda apresentava uma sonoridade sombria, mas com fortes influências de música eletrônica. Estilo no qual eles foram um dos pioneiros.





03-SIOUXSIE AND THE BANSHEES - Cities and Dust

Banda liderada pela Rainha Gótica Siouxsie Sioux e Steven Severin, formada no segunda metade da década de 70 e um dos grupos mais importantes do pós-punk. A banda chegou a abrir shows do Sex Pistols e em seus primórdios teve como integrante Sid Vicious, que tocava bateria.




02-BAUHAUS - Bela Lugosi is Dead


Considerada por muitos como a primeira canção gótica. O fato é que o Bauhaus sempre foi muito mais influenciado pelo Glam Rock do que pelo Punk. Peter Murphy foi um dos vocalistas mais performáticos daquela época.





01.SISTERS OF MERCY - Marian


Junto ao Bauhaus, é a banda com a sonoridade mais associado ao gótico e muito ao timbre soturno do vocalista Andrew Eldritch. O Sisters of Mercy tem apenas três discos de estúdio, mas foi o suficiente para colocá-los como uma das bandas mais influentes dos anos 80. A turma do metal gótico deve muito a Andrew.





00.DAVID BOWIE - Cat People


O que todas os artistas citados acima tem em comum? David Bowie. David Bowie influenciou toda uma geração musicalmente, esteticamente. É, sem sombra de dúvidas, um dos artistas com uma das obras mais dignas da história da música. A canção Cat People foi gravada originalmente para a trilha sonora do filme Cat People, dirigido por Paul Schrader em 1981. Com seus vocais guturais, foi influência para toda a geração gótica que veio a seguir.




Artistas que tiveram seus momentos góticos:

NIRVANA - Smells Like Teen Spirit (Top of the Pops)



Em apresentação para o programa da TV inglesa Top of the Pops, Kurt Cobain encarna Andrew Eldritch (Sisters of Mercy).





SOUNDGARDEN - Beyond the Wheel


Em seu disco de estréia o Soundgarden mostra suas influências góticas. Séria essa canção uma precursora do Metal Gótico? Fica a pergunta.





LEGIÃO URBANA - A Tempestade


É isso mesmo que você leu. O último disco de estúdio da Legião Urbana, Uma Outra Estação, traz Renato Russo mostrando sua veia gótica.





Procurem também o filme "Control" dirigido por Anton Corbijn. O filme retratada a vida e morte de Ian Curtis, a formação do Joy Division. Imperdível.



Gótico (estilo de vida)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre


subcultura gótica (chamada também de Darkwave no início dos anos oitenta, apenas no Brasil) é uma subcultura que teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970 e início da década de 1980, derivado também do gênero pós-punk, que é um sinónimo para a música gótica. A subcultura gótica está também associada diretamente àmúsica góticapós-punkEthereal Wave, à estética (visual, moda e vestuário), onde encontramos vários estilos e visuais como: vitoriano, fetiche, deathrock, gótico lolita, etc. Na subcultura gótica encontramos também a literatura (poesia), o cinema, entre outras formas de manifestações artísticas e culturais.
O gótico em si
Ao longo da história, o termo Gótico foi usado como adjetivo ou classificação de diversas manifestações artísticas, estéticas e comportamentais. Dessa maneira, podemos ter uma noção da diversidade de significados que esta palavra traz em si.
Originalmente, Gótico deriva-se de Godos, povo germânico considerado bárbaro que diluiu-se aproximadamente no ano 700 d.C.. Como metáfora, o termo foi usado pela primeira vez no início da Renascença, para designar pejorativamente a tendência arquitetônica, criada pela Igreja Católica, da baixa Idade Média e, por consequência, toda produção artística deste período. Assim, a arquitetura foi classificada como gótica, referindo-se ao seu estilo "bárbaro", se comparado às tendências românicas da época.
No século XVIII, como reação ao Iluminismo, surge o Romantismo que idealiza uma Idade Média, que na verdade nunca existiu. Nesse período o termo Gótico passa a designar uma parcela da literatura romântica. Como a Idade Média também é conhecida como "Idade das Trevas", o termo é aplicado como sinônimo de medieval, sombrio, macabro e por vezes, sobrenatural. As expressões Gothic Novel e Gothic Literature são utilizadas para designar este subgênero romântico, que trazia enredos sobrenaturais ambientados em cenários sombrios como castelos em ruínas e cemitérios. Assim, o termo Gothicism, de origem inglesa, é associado ao conjunto de obras da literatura gótica. Posteriormente, influenciado pela Literatura Gótica, surge o ultrarromantismo, um subgênero do romantismo que tem o tédio, a morbidez e a dramatismo como algumas características mais significativas.
No final da década de 70 surge a subcultura gótica influenciada por várias correntes artísticas, como o Expressionismo, o Decadentismo, a Cultura de Cabaré e Beatnik. Seus adeptos foram primeiramente chamados de Darks no Brasil, e curtiam bandas como Joy DivisionBauhausThe Sisters of Mercy, entre tantas outras. Atualmente, a subcultura gótica permanece em atividade e em constante renovação cultural, que não se baseia apenas na música e no comportamento, mas em inúmeras outras expressões artísticas.
Nos meados da década de 90, viu-se emergir uma corrente cultural caracterizada por alguns elementos comportamentais comuns ao romantismo do século XVIII, como a melancolia e o obscurantismo, por exemplo. Na ausência de uma classificação mais precisa, esta corrente foi denominada Cultura Obscura. Porém, de forma ampla e talvez até equivocada, o termo Goticismo também é usado para denominá-la.
Há algumas semelhanças entre Cultura Obscura e Subcultura Gótica. Mas há também diferenças essenciais que as tornam distintas. Por exemplo, a Cultura Obscura caracteriza-se por valores individuais e não possui raízes históricas concretas como a subcultura gótica.
Entre os apreciadores da Cultura Obscura, é possível determinar alguns itens comuns, como a valorização e contemplação das diversas manifestações artísticas. Além de uma perspetiva poética e subjetiva sobre a própria existência; uma visão positiva sobre solidão, melancolia e tristeza; introspeção, medievalismo, entre outros.
Sintetizar em palavras um universo de questões filosóficas, espirituais e ideológicas que agem na razão humana, traz definições frágeis e incompletas de sua essência. Obscuro, Sombrio ou Gótico podem ser adjetivos de diversos contextos e conotações. Mas é, principalmente, o espelho que reflete uma personalidade

O desvinculamento do sentido original do termo gótico
O termo gótico (do alemão: goth ou inglês gothic) foi usado através dos séculos sob vários significados, às vezes sem ligação alguma. Inicialmente, por volta do século V, umpovo germânico conhecido como Godo, invadiu o Império Romano do Ocidente, levando a queda do império. Desde então, o termo godo, que evolui para o termo Gótico, ganhou sentido pejorativo, de forma a atribuir tudo que fosse bárbaro, de gótico. A palavra ao longo dos tempos, se tornou sinônimo de tudo que fosse medieval, sombrio, assustador, fantasmagórico, macabro, amedrontador e similares.
O uso do termo 'gótico', como música, subcultura e estilo de vida, surgiu no início da década de 80. A mídia de massa ao entrevistar integrantes das diversas bandas relacionadas ao Pós Punk com temáticas e atmosferas obscuras em suas músicas, por vezes recebia respostas semelhantes a: 'de temática sombria e soturna, 'gótica. Na metade da década de 80 o estilo já havia se disseminado por vários outros países (incluindo o Brasil e Portugal) e o termo acabou por ir junto com ele e até hoje é usado para denominar a cultura.
O uso do termo "gótico" na História
Desde a década de 90 a subcultura gótica começou a sofrer de algumas distorções por parte de enganos frequentes como o de que o termo "gótico" sempre esteve ligado através da história, e portanto, os góticos de hoje seriam legítimos descendentes dos godos.
As catedrais da baixa Idade Média, de arquitetura Gótica, começaram a ser construídas no século XI na França, sem nem sequer receber esse nome na época.
Séculos depois, na Renascença, os iluministas, que se opunham ao pensamento Medieval, as chamaram pejorativamente de Góticas, em alusão aos Godos, como sinônimos de bárbaros. Na época de sua construção eram chamadas "opus francigenarum" ou seja, arte francesa. Quanto aos bárbaros "Godos", que invadiram o império romano, foi um acontecimento dado por volta do século V d.C., logo se vê então que são mais de cinco séculos de diferença histórico-cultural, o que já havia feito uma diluição da cultura dos godos na Europa.
Do marco da construção das catedrais góticas (Do século XI até XIV) até a época em que surgiu um movimento literário chamado novela gótica e outro chamado romantismo(Século XVIII para XIX) já haviam se passado mais outros tantos séculos de diferença cultural e, portanto, a imagem de Gótico foi estabelecida como sombrio, fantasmagórico e misterioso, em um revivalismo da Idade Média.
O que era um nome pejorativo passou a ser um nome designador de uma estética "Cool". Terminamos assim de falar do sentido da palavra através do tempo sem ligá-la totalmente à cultura e mostrar que até esse ponto, os góticos da subcultura iniciada na década de 1980 não são descendentes dos Godos dos séculos passados de forma alguma, pois nem sequer tiveram alguma ligação através de suas épocas.
A ligação dos góticos contemporâneos com os antigos movimentos artísticos assim intitulados, está nas músicas, na literatura e na estética de forma indireta.
A subcultura gótica não possui literatura própria, embora existam livros que catalogam bandas dentro de subgêneros da música gótica como obras do autor Britânico Mick Mercer, contexto histórico como "Goth Chic" (basicamente uma enciclopédia do termo "gótico") de Gavin Baddeley, livros que falem sobre estética/comportamento como o "Gothic charm School" da autora Americana Jillian Venters, ou como prefere ser chamada: "Lady of the Good Manners" (como tradução: "Senhora das boas maneiras"), e livros que tratem de comportamento, como "Goth. Identity, Style and Subculture" de Paul Hodkinson.
Mas há vários estilos literários apreciados por seus integrantes, entre eles, no Horror Gótico (Horace WalpoleMary ShelleyBram Stoker, etc), Romantismo (William BlakeLord ByronEdgar Allan Poe, etc) a poesia Simbolista/Decadentista (Charles BaudelaireT.S. EliotRimbaudOscar Wilde, etc) o romance Existencialista (CamusSartre, etc), Literatura Beat (GinsbergWilliam Burroughs), entre outros.
Dessa forma, essa cultura fez releituras ou sátiras do Horror Gótico.
Essa literatura também serviu de tema para movimentos artísticos anteriores, que influenciaram a cultura estética dos anos 1980, como por exemplo o Expressionismo.
Na literatura brasileira, os autores mais respeitados por integrantes da sub-cultura gótica são: Augusto dos AnjosÁlvares de AzevedoCruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães.
Dentro da literatura portuguesa os autores mais respeitados são Eça de QueirósFernando PessoaLima de FreitasCamilo PessanhaFlorbela EspancaDavid SoaresMário de Sá Carneiro entre outros.
·         Fonte: Dicionário de Português
subcultura (sub- + cultura) s. f. 1. Cultura obtida a partir de outra. 2. Grupo de pessoas com características específicas que criam ou pretendem criar uma subdivisão cultural.
cultura s. f. 1. Ato, arte, modo de cultivar. 2. Lavoura. 3. Conjunto das operações necessárias para que a terra produza. 4. Vegetal cultivado. 5. Meio de conservar, aumentar e utilizar certos produtos naturais. 6. Fig. Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual). 7. Instrução, saber, estudo. 8. Apuro; perfeição; cuidado.
Assim sendo, os góticos são uma sub-cultura, pois não apareceram de outra nem tão pouco criaram ou tentam criar uma subdivisão, é simplesmente uma sub-cultura como qualquer outra, tem suas origens fundamentadas em ideais, seja a arte (dança, música, pintura e teatro), a escrita, a filosofia, dentre outras.
Religião e Simbolismo
subcultura Gótico/Darkwave é uma subcultura laica, ou seja, é neutra à qualquer religião. É comum pessoas de fora da subcultura pensarem que os góticos estão diretamente ligados à esoterismoanticristianismo e paganismo, sendo tal afirmação uma ideia equivocada. Isso quer dizer que cada indivíduo da subcultura Gótica é livre para seguir areligião que melhor lhes forem conveniente, seja ela teísta ou mesmo não seguindo nenhuma religião.
Os tidos wannabes - Uma gíria entre pessoas da sub-cultura gótica, que em sua semântica refere-se a um determinado sujeito novo, curioso e, mais diretamente, que "quer 'ser'" parte da mesma - Geralmente seguem à risca presunçosa e equivocada em denominarem aos outros pertencentes a ela apenas como Wiccas, Pagãos ou satânicos, sendo estes, como mencionado inicialmente, livres de qualquer doutrina ou Sociedade Secreta.
Algum recurso de preâmbulo religioso é utilizado como temática, para músicas ou estética. Um crucifixo, por exemplo, pode, teatralmente, simbolizar a tortura (Crucio = tortura), pois a cruz foi cunhada em Roma, como instrumento para tal, antes mesmo do nascimento de Cristo. O ankh também é muito usado pelos góticos como símbolo da eternidade.
Simbolicamente no sentido de estética não vem totalmente ligado à música, as vestes góticas vieram de acordo com a ideologia a que ele pertence.
Um resumo dos beats dos anos 40 aos góticos dos anos 80
As verdadeiras raízes da subcultura gótica podem ser achadas inicialmente nos anos 40\50 na cultura beat.
Os beats eram pessoas com gosto pelo que outrora fora conhecido como cabaré (na época dos grandes artistas e pensadores franceses), ou seja, ambientes boêmios, onde conversavam, bebiam, fumavam, apreciavam saraus e ouviam boa música (jazzunderground e posteriormente rock). Tudo excessivamente. Tanto que os óculos escuros foram adotados ao estereótipo Beat, junto com as roupas predominantemente escuras e boina preta, por causa da fumaça.
Os cabelos eram compridos (porém mais curtos que os dos Hippies) e e eram comuns um tipo de cavanhaque bem aparado em linha ao longo do queixo. Nos Estados Unidos o movimento se tornou menos "intelectualizado", e mais junkie e desleixado. O primeiro uso do termo "Beat" ou "Beat generation" teria sido feito por Jack Kerouac no final dos anos 1940. Mas o termo só se popularizaria nos anos 50.
Passou também a ser um movimento pop e "comercializável" de 57 a 61. Mas suas origens remontam ao underground dos cafés parisienses do pós-guerra. Daí vem o termo "estudante de arte existencialista e parisiense" para a postura Beat.
O Termo "Beatnik" foi cunhado pela imprensa, misturando Beat a Sputnik (primeiro satélite russo no espaço sideral). Os Beatniks nos 60's eram mais apolíticos ( e/ou pacifistas ), existencialistas, cool, sua poesia e música contemplava tanto o lado obscuro quanto hedonista e urbano da boemia.
Porém o que era um movimento underground acabou em decadência com sua comercialização. Da diluição desse movimento surgiram talvez outros dois, o hippie e o punk]beat, ou glam punk.
Os Hippies formaram movimento politizado, expressivo (not cool), de visual colorido e cabelos muito longos. A parte do Beat que permaneceu no Hippie foi a religiosidade alternativa, muitas vezes orientalista, o "alternativismo", e alguns estilos musicais.
Isso é bem o estilo de artistas que conhecemos muito bem, como Jimi Hendrix, porém não fazia a cara de outros como Iggy Pop. Uma parte dos Beats, claro, não se tornou Hippie, por discordar de suas tendências, e seguiu outros caminhos.
Logo, surge esse outro lado da ramificação temos a explosão do Glam e Glam punk. Com temáticas e abordagens mais profundas, líricas e adultas. Podemos então citar oVelvet Underground em Nova Iorque, os Stooges em Detroit e o The Doors em Los Angeles. O Velvet Underground glamouriza o decadentismo urbano, sem esperanças e floreios, para cena pop. Em 1970, surge em Nova Iorque o grupo New York Dolls com um rock cru e simples, em performances bombásticas travestidos de mulheres. "Ora, se as mulheres conquistaram o direito de se vestirem como homens, por que não?"
A temática chamou a atenção de David Bowie que a levou para o outro lado do atlântico. Junto a Marc Bolan do T-Rex, e o Roxy Music de Brian Eno e Bryan Ferry, Bowie se tornou referência mundial do Glam rock.
A abordagem do Glam Rock era basicamente o esteticismo e dandismo de Oscar Wilde e Baudelaire atualizado para os anos 70. A decadência do homem e da sociedade urbana e suas perversões hedonistas, a artificialidade, o pré-moldado, o poserismo, enfim decadence avec elegance (decadência com elegância). Dizer que Glam rock é apenas cores e purpurina é tão superficial quanto dizer que o Gótico é se vestir de preto.
A temática do Glam trazia através de músicas brilhantes (tanto em letra como melodia) a melancolia da condição humana e de temas soturnos, basta ver suas traduções.
Mesmo esteticamente o Glam preservava um lado noir (sombrio). Algumas bandas como Bauhaus e Specimen, que deram origem a música gótica, não se diferenciam em quase nada das bandas incluídas no glam rock quanto à sua sonoridade.
A atitude do Glam de androginia era mais do que Rockers durões, Mods (uma variante dos beats cuja diluição daria origem aos skinheads do lado mais durão e na evolução continua a transição para o Glam rock) e os Hippies conservadores estavam preparados. Era uma inversão. Além do mais naquela época nem se via mais o que fazer em termos de psicodelia, foi quando o Glam chegou e virou a cabeça de adolescentes que queriam também se vestir iguais aos seus ídolos. E a influência beat permanecia viva através do Glam.
Tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, conceitos e estéticas Beats permaneceram ao longo do Glam e dos anos 70.
O rótulo "Punk" foi dado ao movimento rock que tinha, em resposta ao rock progressivo, músicas simples em execução, mas com temas sociais importantes.
Bandas experimentais, contra a música comercial das grandes gravadoras, uma geração crítica em relação à arte e consumo de sua época, interessada em questões existenciais foram consideradas Punks antes de 77. Exemplos: Talking Heads e o Patti Smith Group.
Mas em 78 o termo caía em decadência já era considerado um clichê gasto e distorcido pelo sucesso de 77. O diretor da gravadora Sire Records, Seymour Stein, considerou que estas bandas tinham o mesmo feeling dos filmes do movimento cinematográfica francês de características Noir (obscura) e contra-culturais chamado "Nouvelle Vague" (New Wave, em Inglês, Neue Welle, em alemão).
Assim New wave e Pós-punk (Póstumo ao punk) seriam os termos usados para classificar estas bandas originalmente chamadas de punk antes que o termo "punk" atingisse o fim de seu auge. Simultaneamente algumas destas bandas são afiliadas a sub-cultura Gótica. Na verdade com o tempo, o termo New Wave passou a ser utilizado para as bandas mais pops e Pós-Punk, para as mais underground.
Ainda então, bandas da sub-cultura Gótica eram classificadas de ambas as formas. Mas posteriormente deixou-se o new wave para bandas com um visual mais colorido e para as bandas que adotaram um tendência mais sombrias acabou-se por usar o termo pejorativo gótico, que acabou pegando.
Toda a Estética Gótica inicial vai ser uma mistura Glam (androginia, poesia urbana e maldita, maquiagens pesadas, sonoridade rock básica, dandismo, etc), que também foram reforçados por uma influência do movimento new romantic dos anos 80, e a cultura Beat (poesia urbana e maldita, existencialismo e espiritualidade difusa, roupas escuras, acid rockcooljazz-rock, psicodelia, etc), ora tendo uma sonoridade mais pós punk, outra mais new wave. O termo foi usado durante a década de oitenta e na década de noventa também convencionou-se tirar o new e usar dark, dessa forma: Darkwave.
Estética como visual
A estética como um visual, uma vez que, gostando de determinados sub-gêneros musicais, estética, corrente literária, arte, convivência com pessoas que sentem-se atraídas e gostam do que é aceito no Gótico, ou tudo o que esteja ligado ao mesmo, torna-se quase o suficiente para que entendam seu "mecanismo". Embora, visual seja uma identidade individual (ou coletiva) de considerável importância que diferencie e caracterize em qual época e à qual sub-cultura um indivíduo pertence.
A cor Preta como tonalidade predominante acompanhada a uma postura tida como juvenil, é geralmente um arquétipo do mainstream. Sendo esta, uma limitação dos conceitos superficiais direcionados à massa no que diz respeito à sub-culturas urbanas derivadas do que chamam de "Rock". A cor preta, como representação estética, geralmente é acompanhada de uma, ou mais cores adicionadas de forma peculiar para compor os visuais dentro dos esteriótipos variantes do Gótico, ou seja, não sendo esta predominante, embora ainda sim, presente. Como simbolismo, a semântica pode variar de indivíduo para indivíduo, ou estar praticamente ausente, permanecendo como apenas questão de estética. A presença de adultos na sub-cultura especialmente a norte-americana e europeia é em grande escala, o que modifica os conceitos sobre a sub-cultura tratar-se de algo juvenil, visto que ainda preza-se pela censura conforme o que diz respeito às leis e normas básicas de todo e qualquer evento, festival e concerto.
Os tipos de estéticas ou, esteriótipos visuais, recebem mais ênfase em eventos, concertos e festivais como o Wave Gotik Treffen realizado anualmente em Leipzig, na Alemanha, M'era Luna Festival, em Hildesheim situado em Alemanha, entre outros. Geralmente em países de primeiro mundo, especialmente no continente europeu e no norte da América, onde o IDH é mais elevado, possuem mercados maiores, no qual há mão-de-obra mais especializada e qualificada em confecções de produtos estéticos e artísticos que favorecem e nutrem suas modas, e, logo são importados a outros países.
Há também fotógrafos (as) e designers que criam suas obras inspiradas em derivações estéticas da sub-cultura gótica que divulgam por páginas da internet, exposições, etc. Obras como uma forma de arte, ou mesmo, incentivo à dresscode. São também promovidos desfiles no meio undergorund por profissionais da moda como a estilista alemã Vecona (Vecona.de[1]).
Na moda das massas é muito frequente em coleções de Outono/inverno desde passarelas à lojas, onde o uso da estética gótica é tida como referencial, vide estilistas famosos como Alexander McQueenGlória CoelhoJohn GallianoYohji YamamotoKarl LagerfeldThierry MuglerJean Paul Gaultier, entre outros.
TV e cinema
O cinema e a TV deram um bom espaço para a "goth culture" através de filmes, séries etc, como por exemplo, os filmes Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens, filmes daHammer films, produções do cineasta Americano Tim BurtonDrácula de Bram StokerElvira (Rainha das trevas), A Família Addams (o filme), Entrevista com o vampiro, Jovens Bruxas, A Rainha dos CondenadosFome De ViverOs Fantasmas Se Divertem, ou seriados como Família Addams e Os Monstros nos anos 60 e as séries.
Referências
KIPPER, Henrique A.. A HAPPY HOUSE IN A BLACK PLANET: Introdução à Subcultura Gótica. São Paulo: Edição do Autor, 2008. 126 p.
BADDELEY, Gavin. GOTH CHIC: Um Guia Para a Cultura Dark, Rocco, 2006.
MACNEIL, Legs; MCCAIN, Gilliam. Mate-me Por Favor. Porto Alegre: L&PM, 2007. 2 v.
TICKLE, Louise. Growing-up for goths. Disponível em:<http://www.guardian.co.uk/education/2011/oct/24/goth-culture-research>.
Acesso em: 30 abr. 2012.
Filosofia e educação: um diálogo necessário, Multifoco, Rio de Janeiro 2011 – organização Cláudia Battestin e Fabio Antonio Gabriel.
Texto: A ARTE ENQUANTO PROPOSTA DE ENGAJAMENTO: UMA FORMA DE EDUCAR PARA REFLEXÃO, pág 261. por Angélica Silva Costa, Kátia da Silva Cunha, Simeão Donizetti Sass (professor orientador)
Teoria da cultura de massa, Luiz Costa Lima, São Paulo: Saga, 1969 – Texto 3: A arte na sociedade unidimencional, Hebert Marcuse – pág.243 à 254.